Dia 1 no Paraíso

Fogo que crepita, céu límpido estrelado, vida que passa devagar ao sabor das marés telúricas. 

No Paraíso, finalmente em casa. A noite é branda e calma, saborosa e envolvente. 

A música dos mestres embala a alma. De manhã cantarão os pássaros que convocam a primavera. 
A vida é simples e despida de desassossego. 

Praia Grande, 8 de Novembro

Estava um dia maravilhoso,sem vento,sem nuvens, com clima e um sol a que nesta altura chamam Verão de S.Martinho, sentados na praia ouvindo a música do  mar, olhamos em frente e a grande arriba  que já conhecia há tanto tempo pareceu-me nova vista na esplendorosa luz. O meu esboço não traduz a beleza desta arriba

Oração - Dia de Todos os Santos

 

Pediste-me há pouco que orasse a Santo António, o teu favorito de entre todo o panteão dos sagrados. Aqui tens a minha oração como melhor a sei fazer, com fotografias de uma imagem que é tua, e com palavras, de coração à flor da pele.

 

Querido Santo António, de Lisboa, de Pádua e de todos os sítios do mundo. Olha por todos os nossos, pelos que já partiram e que estão em paz ao teu lado, no maravilhoso desconhecido, na dimensão paralela onde acredito viverem todas as Almas, no grande vazio cheio de tudo o que foi e voltará a ser. Diz-lhes que temos muitas saudades e que um dia voltaremos a estar todos juntos à mesma mesa com alegria redobrada e festa garantida, na qual serás convidado de honra. (Não te esqueças da nossa Kina e dá-lhe um abraço grande, a esse cão-do-coração-de-ouro).

Olha também por nós, os vivos, presos nesta imensa roda da existência, que nos debatemos com os conflitos desta era maluca que nos suga o tutano existencial com voracidade se não soubermos manter o equilíbrio sagaz e a paz de espírito essencial para atravessar as suas agruras. Dá-nos um pouco da tua doçura absoluta, da tua enorme capacidade de amar, da tua superioridade espiritual e mística, e do teu poder de contemplação e desapego, de paz e coerência. Seremos seres mais felizes, mais dignos, mais completos quando formos um dia ter contigo.

Obrigada. Abracinho apertado.

 

Amén.

Galáxias Distantes

Mais silvestres de Maio

Flores com Lisboa em fundo

Escaravelho Iridiscente

Escaravelho a almoçar

Abelha preta e branca

 

Cardo mariano para o almoço.

Pela gula da abelha parece ser uma iguaria.

Andei atrás dela pelos campos.

Apesar de haver muitas e variadas flores carregadas de néctar,

apenas pousou e almoçou em cardos marianos em flor.

Cada um na sua.

Flores de Maio ( os meus registos)

Flores de Maio



 

Aguarelas sobre papel manufacturado do Moinho da Carvalha Gorda

Primavera III

Primavera II

Primavera

Primavera - Testemunhos

Os choupos da minha rua



 

Vistos da minha janela os choupos ainda estão nus.

Agora é a oportunidade para rever as suas formas esguias.

 Em breve vão começar a surgir uns brotos que depois cairão soltando flocos de penugem branca que voa facilmente e cai sobre os carros, as roupas nos estendais e pinta de branco os canteiros.

 Só depois surgem as folhas que criam a cortina natural que nos separa dos prédios em frente.  

Novas lentes artesanais

Diz-me porque não hei-de eu escolher olhar o mundo com outras lentes que não estas banais e falaciosas com que nasci.

Diz-me porque não hei-de espreitar pelo buraco da fechadura
e dar com o país das maravilhas,

qual Alice (lebre, lagarta e chapeleiro incluídos).

Porquê, se posso mirar novos sítios, mudar formas,
moldar cores e serpentear a visão

por cascatas de divina originalidade.

Porque me hei-de eu ater aos corriqueiros instrumentos de visualização tão sensaborões como desenchabidos.

Há que inventar, criar, materializar novos utensílios e ferramentas

que nos deixem ver para além das formas e cores instituídas.

Há que respirar com os olhos e com a mente, sorver inspiração e degustar os novos mundos criados, ainda que efémeros e fugídios.  

Qualquer pedaço de vidro rasca serve, 
qualquer estilhaço de nuvem cria o efeito. 

Depois é só avançar com a imaginação.

 

Still Life (soa muito melhor em inglês)

Àrvore III - Estudos

Texturas II

"Ver o mundo num grão de areia

e o paraíso numa flor selvagem.

Segurar o infinito na palma da mão

e a eternidade numa hora."
William Blake

Texturas I

Há mundos que só se alcançam com um olhar atento. Entre eles, o mundo das texturas.

Tema apaixonante e ilimitado. 

Quanto mais se regista, mais se encontra.

Aproximações que levam à abstracção das formas. 

Micro-cosmos mágicos que abrem o seu leque dimensional 

e nos convidam a fotografar durante horas, todo e qualquer objecto ou superfície.

Um exercício para a vida inteira. 

Aguadas de vieux chenne  e aguarela

Estruturas

É no Inverno que podemos vê-las sem folhas, analisar as estruturas do tronco 

e a disposição dos ramos. São tão belas na pureza da sua nudez.

Árvore II

Árvore I

Oliveira Beirã,

Se soubesses quantos quadros e fotografias mentais temos tuas.

És das nossas árvores favoritas de entre todas. Acredita!

Não digo A favoritas, porque sabes ... tal como de uma pintura, ou de uma música ou de um livro, é impossível dizer-se que se tem apenas um favorito.

Temos o pinheiro, o carvalho, a azinheira até a mimoseira que sei que desdenhas por "não-ser-bem-uma-árvore". (Não te esqueças que é a famosa acácia, tão mágica como tu.) 

 

A tua ramagem e folha são prateadas e a sua pele de filigrana é tão delicada e fina que muita gente não a vê.

O teu formato, tão gracioso e bem estruturado. Porte mediano. Larga e estável.

O teu tronco é esculpido e sólido, robusto e vigoroso, tanto que se tornou simbólico.

E depois, o teu fruto. Aí vences todas as árvores.

 

Da maravilhosa azeitona fazemos o magnífico néctar, poderosa poção que alimenta o espírito e as gentes mediterrânicas desde início dos tempos, e a que chamamos azeite. O mesmo azeite que iluminou muitas noites da humanidade numa parte da sua história; A luz ambarina que se acendia nos templos e nas casas.

 

És mágica, linda e generosa.

Adoramos-te, pronto!

 

PS - De teu nome latino Olea europea, dizem que vens da Ásia Menor. Sabe-se que eras muito cultivada no Égipto há mais de 4.000 anos. A região mediterrânica foi a tua escolha expansiva. Diz-me oliveirinha... são todas essas histórias que nos contas quando pomos um toro da tua madeira na lareira?

 

Abraço-te, como se vos abraçasse a todas.

Desenho - Bela G.
Texto - Isa G.

 

 

Estruturas

Numa folha seca também se observam pequenos cosmos. 

Redes intrincadas de filamentos naturais que se entrelaçam em fibonaccis transcendentes. 

A natureza tende a criar as formas mais úteis ao objectivo que pretende. 

As das folhas são assim: belas, romanescas, sublimes.

Está frio!

Saudades da lareira acesa na casa dos meus avós e das boas conversas com a lenha de azinho. 

Está frio e só apetece aconchegar onde quer que esteja quente. 

Fazer de gato e dormitar.